História
da Música Brasileira - Capítulo 1. Introdução & primeiros tempos da música
no Brasil.
Série de 10 capítulos produzida por Ricardo Kanji (criador, diretor artístico e apresentador); Ricardo Maranhão (historiador); Paulo Castagna (musicólogo); Reinaldo Volpato (diretor de TV) e Vox Brasiliensis Coro e Orquestra, dirigida por Ricardo Kanji, em 1999.
O primeiro episódio de História da Música Brasileira inicia-se com a execução, pela orquestra Vox Brasiliensis, da Abertura Zemira de José Maurício Nunes Garcia, a obra que se tornou a vinheta sonora e visual da série.
Ricardo Kanji apresenta, em
seguida, uma introdução ao projeto, que inclui uma conversa com Paulo Castagna
sobre o trabalho com manuscritos musicais, no Arquivo da Cúria Metropolitana de
São Paulo informações gerais sobre o início do domínio europeu do Brasil e
sobre a relação com os indígenas e africanos são ligadas à atividade musical
dos séculos XVI, XVII e princípios do XVIII, com vários exemplos sonoros,
incluindo Matais de incêndios, a primeira composição polifônica encontrada em
manuscrito musical brasileiro.
História
da Música Brasileira - Capítulo 2. A música setecentista no Brasil
O segundo episódio de História da Música Brasileira aborda a música de tradição européia composta em Pernambuco, Bahia e São Paulo no século XVIII.
Embora a maior parte das
obras musicais escritas no Nordeste brasileiro dessa época tenha sido perdida,
o programa tenta apresentar um panorama da produção que ocorreu nessas regiões
antes da Independência.
Dificilmente qualificável
como barroco ou mesmo clássico, esse repertório estende-se das obras
portuguesas cantadas no Brasil (como a primeira peça cantada neste episódio,
que hoje sabemos ser do português renascentista Manuel Cardoso) até as
composições que apresentam mistura de elementos musicais de vários estilos,
incluindo o melodismo da ópera italiana, mesmo na música sacra.
Escritas em uma fase
escravocrata, na qual essas regiões brasileiras eram marcadas pelo genocídio
das comunidades indígenas e apropriação de suas terras para a exploração
agro-pecuária, as obras apresentadas neste programa refletem a cultura dos
europeus que se beneficiavam do sistema sócio-econômico imposto às comunidades
locais. Mesmo assim, algumas idéias e sonoridades africanas já eram presentes
nos lundus que circulavam por várias camadas sociais e mesmo em algumas canções
que a elite portuguesa praticava em suas residências.
História
da Música Brasileira - Capítulo 3. A música no período áureo de Minas Gerais.
O terceiro e quarto episódios de História da Música Brasileira referem-se à música sacra escrita em Minas Gerais no século XVIII, principalmente por compositores afro-descendentes.
Este terceiro episódio
aborda a perseguição da música africana pelas autoridades eclesiásticas da
época e o cultivo da música sacra nas igrejas e das canções portuguesas no
ambiente doméstico, ainda que em algumas dessas canções se observe o interesse
português pela visão de mundo africana.
Entre obras de compositores
portugueses, como o Pueri Hebræorum para três vozes e baixo e talvez o Bajulans
para quatro vozes e baixo, este episódio apresenta composições mineiras de
Francisco Gomes da Rocha (c.1754-1808), Manuel Dias de Oliveira (c.1735-1813) e
Inácio Parreiras Neves (c.1730-c.1791).
Também foi dedicado espaço,
neste episódio, à arquitetura sacra e ao órgão da catedral de Mariana,
provavelmente construído em Hamburgo por Arp Schnitger em 1701, mas enviado a
Minas Gerais por ordem do rei de Portugal em 1750.
História
da Música Brasileira - Capítulo 4. Ouro, diamantes e música em Minas.
O quarto episódio de História da Música Brasileira é dedicado aos compositores mineiros e afro-descententes José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita e João de Deus de Castro Lobo.
Lobo de Mesquita nasceu na
Vila do Serro, por volta de 1746 e transferiu-se para o Arraial do Tijuco
(atual Diamantina) cerca de trinta anos depois, onde viveu seu período mais
produtivo, transferindo-se em 1798 para Vila Rica (hoje Ouro Preto), e em 1801
para o Rio de Janeiro, onde exerceu o cargo de organista da Ordem Terceira do
Carmo até sua morte, em 1805.
Castro Lobo nasceu em Vila
Rica em 1794 e faleceu em Mariana em 1832, cidade na qual desempenhou os cargos
de mestre da capela da catedral e organista, trabalhando junto ao órgão que foi
assunto do terceiro episódio desta série.
Entre as obras de Lobo de
Mesquita, foi incluído o Ego enim accepi a Domino (Lição VIII das Matinas de
Quinta-feira Santa), que mais provavelmente foi escrito por Jerônimo de Sousa
Lobo em Vila Rica, em fins do século XVIII ou princípios do século XIX.
História
da Música Brasileira - Capítulo 5. Pe. José Maurício Nunes Garcia: um
brasileiro nos ouvidos da Corte.
O quinto episódio de
História da Música Brasileira é dedicado à música de José Maurício Nunes Garcia
(1767-1830), o maior compositor afro-descendente de música sacra dos séculos
XVIII e XIX, desde sua primeira composição conhecida, Tota pulchra es Maria
(1783), escrita aos 16 anos de idade.
O episódio inclui
informações sobre sua ordenação sacerdotal, seu desenvolvimento profissional e
sua relação com a elite monárquica e com o compositor Marcos Portugal, que
chegou ao Rio de Janeiro em 1811 para assumir a função de compositor da corte.
Além de obras sacras, o programa apresenta, na íntegra, duas de suas peças
orquestrais: as Aberturas em Ré e Zemira.
História
da Música Brasileira - Capítulo 6. A música da Independência.
O sexto episódio de História da Música Brasileira aborda a atividade musical no Rio de Janeiro em torno do ano da Independência (1822), com muitas informações e imagens históricas.
Destacam-se as obras de José
Maurício Nunes Garcia (1767-1830), principalmente as profanas.
O episódio, inclui também a
finalização do Requiem de Mozart por e Sigismund Neukomm (1778-1858) no Rio de
Janeiro e a apresentação, na íntegra, do primeiro movimento do primeiro Dueto
concertante para dois violinos de Gabriel Fernandes da Trindade (a mais antiga
composição camerística brasileira), pelos violinistas Cláudio Cruz e Betina
Stegman.
O programa aborda, ainda, a
história dos principais hinos políticos compostos na ocasião, como o Hino
Constitucional Brasiliense (hoje o Hino da Independência) - cuja letra de
Evaristo da Veiga foi musicada por D. Pedro I - e o Hino ao Sete de Abril (hoje
o Hino Nacional), com a letra original de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva,
que comemorava a abdicação de D. Pedro I e seu retorno a Portugal, em 1831.
História
da Música Brasileira - Capítulo 7. Saraus, danças e intimidades. A música no
Brasil no séc. XIX.
O sétimo episódio de História da Música Brasileira explora a música usada no ambiente doméstico brasileiro do século XIX.
Canções, como modinhas e
lundus - gêneros respectivamente apolíneo e dionisíaco - envolviam a expressão
dos sentimentos amorosos (presentes ou perdidos), o humor e a sátira, sendo
muito comuns em reuniões familiares e sociais daquele período.
As danças, por sua vez, eram
destinadas às festas e comemorações, sendo as principais, nessa época, a polca,
a quadrilha, a mazurca e a valsa, abordadas nessa ordem no sétimo programa.
Embora tenham circulado, no
Brasil do século XIX, tanto obras locais quanto internacionais, o sétimo
programa apresenta composições brasileiras destinadas ao meio doméstico da
elite do período, abordando também algumas questões sociais envolvidas nesse
repertório.
História
da Música Brasileira - Capítulo 8. Carlos Gomes, o emblema da ópera no Brasil.
O oitavo episódio de
História da Música Brasileira é dedicado ao compositor Antônio Carlos Gomes
(Campinas-SP, 1836 - Belém-PA, 1896), primeiro autor brasileiro de óperas a ter
adquirido notoriedade na Europa.
O programa discorre sobre
sua formação em Campinas, São Paulo e Rio de janeiro, e sobre sua vida
profissional no Brasil e na Itália, apresentando obras menos conhecidas de sua
produção, entre elas, peças para piano como as polcas Caiumba e Nini, canções
como o Hino à Mocidade Acadêmica, a modinha Quem sabe, a ária Conselhos, o
prelúdio da ópera A noite do castelo e a Sonata em ré maior para cordas, que
recebeu do autor o subtítulo "Burrico de pau".
História
da Música Brasileira - Capítulo 9. Romantismo - um Brasil para poucos.
O nono episódio de História da Música Brasileira é dedicado ao movimento musical romântico brasileiro e suas contradições sociais.
Embora a sociedade
brasileira da segunda metade do século XIX tenha optado pela extinção do
sistema escravocrata, a elite urbana exigiu uma cultura de origem branca e
européia, o mais isenta possível dos costumes populares. Foram assim criados os
primeiros clubes de concertos, destinados a levar a essa mesma elite óperas,
sinfonias, concertos para instrumento e orquestra, danças de salão, canções e
música de câmara de origem européia ou de autores brasileiros filiados à
tradição européia.
Nesse ambiente, a partir da
década de 1870, a elite brasileira iniciou a assimilação do romantismo europeu,
estimulando o surgimento de compositores inteiramente dedicados a essa
tendência, como Henrique Oswald (Rio de Janeiro, 1852-1931), Leopoldo Miguez
(Niterói, 1850 - Rio de Janeiro, 1902) e Alberto Nepomuceno (Fortaleza, 1864 -
Rio de Janeiro, 1920), dos quais são apresentadas neste programa algumas obras
pianísticas, camerísticas e sinfônicas.
História
da Música Brasileira - Capítulo 10. Romantismo e patriotismo: afinal, somos
brasileiros?
O décimo e último episódio
de História da Música Brasileira (embora tenham sido planejados 15 episódios,
somente 10 foram efetivamente lançados) aborda a Belle Èpoque brasileira, um
período situado entre as últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX
e caracterizado pela criação de uma cultura urbana baseada no ideal europeu
(principalmente francês) de civilização.
Além da adoção do romantismo
franco-germânico no repertório dos teatros e escolas de música,
proliferaram-se, nas danças de salão dessa fase, a abordagem da música popular
a partir do olhar europeu, ou seja, como manifestação exótica de uma população
inculta, mas que poderia ser civilizada pela arte do Velho Mundo. Como exemplos
de tais tendências, o programa apresenta obras de Alberto Nepomuceno
(Fortaleza, 1864 - Rio de Janeiro, 1920), Brasílio Itiberê da Cunha (Paranaguá,
1846 - Curitiba, 1913) e Alexandre Levy (São Paulo, 1864-1892)